Tempo de Páscoa

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As limpezas terminaram.
Ou talvez não.
Isto porque há sempre coisas que acabamos por limpar no próprio dia.
Está na altura dos doces!!! 🙂 Os folares foram durante a semana, vou arrancar para o pão-de-ló. Amanhã às três da tarde começamos a saltitar de casa de casa para beijar a cruz e provar os folares, as amêndoas, os doces…que perdição! Mas antes, de manhãzinha, vou buscar jarros e flores para fazer o tapete. Feno já cá temos… Hmmm 😉
A Páscoa é isto e não só.
A Páscoa é tempo de festa e, principalmente, tempo de renascer e de estar com a família. Deixo aqui um vídeo muito fofinho sobre a Páscoa.

E tu, já bebeste café hoje?

Eu já 🙂

Hoje é o dia internacional do café.

Esta bebida é uma das mais consumida no mundo e é a segunda matéria prima mais comercializada em todo o mundo. Segundo o que ouvi nas notícias da noite, os portugueses consomem menos café do que os restantes europeus. Cá, o café expresso, é muito conhecido por bica (Beber Isto Com Açúcar). O café ajuda na concentração e como é rico em atioxidantes, que atuam no combate aos radicais livres, diminui os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro. O excesso de café, contudo, pode causar irritabilidade, ansiedade, inquietação, insónia e dores de cabeça. 

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Volta

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Volta,
Fica só mais um segundo.
Espera-te um abraço profundo,
Nele damos voltas ao mundo,
No amor mergulhamos a fundo.
Quero-te só mais um momento
Para pintar o teu céu cinzento,
Marcar o teu rosto no meu peito,
Recrearmos um dia perfeito.
Volta para bem dos meus medos,
Preciso de ti nos meus dedos,
De acordar-te sempre com segredos…
Com um sorriso paravas o tempo!
Volta porque não aguento,
Sem ti tudo ficou cinzento.
Prefiro ter-te com todos os defeitos
Do que não te ter no meu peito.
Porque sem ti não consigo,
Volta para me dar sentido.
Sou apenas um corpo perdido,
Por isso só te peço que voltes.

Volta. Volta. Volta. Volta. Volta.

Mas tu não voltas,
Partiste para outro mundo,
Deixaste-me aqui bem no fundo,
Só peço por mais um segundo…
Volta só por um segundo.

“Volta” de Diogo Piçarra.

O verdadeiro sentido da vida

Num dia como este, em que perdemos mais uma pessoa, o sol sorriu por ganhar mais uma pessoa boa lá em cima. Uma pessoa que acreditou no bem. Uma pessoa que não se distraiu da vida e que de tudo fez para aproveitar ao máximo a passagem cá em baixo. É nestes dias que questionamos o verdadeiro sentido da vida. Questionamos o caminho que temos vindo a fazer…

…um caminho que passa pela busca da felicidade e do testemunho da felicidade. Por que a vida é nossa, mas precisa dos outros para ser feita.

Manuel Forjaz “foi embora”. Mas nem por isso deixará de viver na memória de cada um de nós que precisamos de forças da natureza deste tamanho. Um lutador e vencedor. Sim, porque como ele dizia “posso morrer de doença, mas a doença não me matará”. Por cá deixou um testemunho único, rico e de grande coragem para todos nós. Um testemunho que permanecerá.

“Mesmo no pior dos vossos buracos, mesmo no pior momento das vossas das vossas vidas tentem sempre arranjar momentos divertidos (…) mas arranjem um espaço para um sorriso, arranjem um espaço para se rirem com os vossos amigos, arranjem um espaço para troçarem com vós próprios, arranjem um espaço para não terem pena de vós próprios (…) e arranjem lá uns segundinhos para um sorriso ou para uma gargalhada porque há sempre espaço… até já.”

Descansa em Paz.

O Sol brilha lá fora

Hoje tenho por pano de fundo o verde luminoso dos teus campos simétricos, Mondego. Nestas longas e intermináveis páginas, carregadas de teorias com frequências e intensidades, que vou escrevendo, ganho forças cada vez que olho para ti. As águas que passam, os campos lavrados de fresco e o balançar maroto dos choupos chamam por mim. Prometo que mais tarde saio à rua com o Patolas e vamos caminhar à beira rio. Mas para já fico por aqui mais um pouco a estudar com a companhia do Tumias.

Quando vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos”
Heterónimo de Fernando Pessoa

Dia do Pai

Estar com o nosso pai neste dia é o mais importante. Hoje, uma vez mais, não posso estar com o meu. Mas pelo menos pude ouvir a voz dele, pude perguntar-lhe como foi o dia. É por isso que hoje agradeço.
Neste dia tão especial, a ti, que perdeste o teu pai, desejo a maior força. A maior coragem. Perder alguém não é fácil.
Tu és uma lutadora, cheia de garra e ambição. És uma pessoa bondosa e amável. Mas hoje desmoronaste. Caíste num chão sem fim. Deves estar num sufoco. Sem apetite, com nós na garganta, mergulhada em lágrimas. Chora, amiga, chora. Chora tudo.
Não é fácil.
Quando recebi mensagem com a notícia, não consegui conter as lágrimas. Passaram-me mil e uma coisas na cabeça. As idas à praia no verão, as noites aí em casa, as festas e o bailarico, o baloiço, tantas coisas. O teu pai brincava sempre a dizer que parecíamos irmãs. Tinha um carinho grande por ele. Aquelas piadas que ele contava ao jantar, apanhava-me sempre. Os anos passam mas as pessoas ficam. O teu pai gostava imenso de ti. Gosta. Gostará. Ele vai estar sempre contigo. Sempre a apoiar e a dar força.
Tenho aqui uma flor para te ir levar. Eu queria ir dar-te um abraço, mas não consigo…
Onde quer que ele esteja, estará sempre contigo. Orgulhoso de ti.

Cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço. 

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço…

Álvaro de Campos, in “Poemas”
Heterónimo de Fernando Pessoa